sexta-feira, março 20, 2020

" Há anos me interesso pelo auto-conhecimento.Tenho buscado isso de diversas formas, através de estudos sobre espiritualidade pelos ,considerados grandes mestres,como, Osho,Eckart Tolle, Buda, Rudolf Steiner, também pelas linhas alternativas como o Theta Healing, Oráculos, Sagrado Feminino,Bruxaria, Xamanismo e por aí vai. Me auto analisei pela visão de Freud,depois de Jung, fazia terapias, lia (e leio) livros e mais livros sobre o assunto.De repente,quando menos imaginava tive, que de sopetão, (amo essa palavra)agir no meu próprio ser tudo que tinha acumulado por anos e anos de pesquisa. Levei uma rasteira com a tão temida síndrome do pânico, aí sim Maureen, agora quero ver como tu vai fazer pra sair dessa! Mas meus queridos, a Arte Salva, juntamente com o combo : amor+cuidar de si +tratamentos + Fé.  Essa exposição DESCOBERTA representa outra 'EU', plasticamente renascida, assim como tantos, que, como eu, renasceram do caos da mente "

quinta-feira, março 12, 2020

UMA FÁBULA DE MDF.


Oi, meu nome é Clarissa , tenho 189 anos e essa é a minha vida : 

Ainda muito criancinha,acho que com 5 anos, meu pai apertava minha genitália até doer e todos riam sem graça. Ainda aos 5,eu era mordida por ele,meu lábio inferior ardia,numa espécie de brincadeira, até queimar. Dos 5 em diante foram várias dessas que não sabia bem se era amor ou ódio. Tinha histórias de terror na cama,sobre castelos e vampiros e com pijamas largos, de 4 sobre mim e com um imenso lençol, que virava vento e asas, sempre algo irreconhecível roçava minha barriga.
Amava meu pai e sentia muito medo também. Apanhei pouco, mas só pelo olhar, já chorava. Minha mãe chorava às vezes, minha mãe, minha base, meu tudo, submissa, artista, me dava colo e poucos beijos.
Na casa de barro vermelho,morava as parentes. Amava muito todas elas, a casinha de madeira que rangia o chão, o cheiro da mobília, as roupas delas,os brinquedos delas, a voz delas eu amava. O tio de olhos negros, beijava molhado meu pescoço, me arrepiava inteira...5,6,7,8,13 anos...Minha mãe não gostava de me ver de biquíni na praia perto desse tio e sempre cuidadosa do jeito dela, ou sem cuidados do jeito dela e eu de pernas abertas da ingenuidade, abertas para toda família.
Eu, Clarissa, a louca que pulava e brincava e queria ser e já era pura Arte.
Uma vez minha mãe leu meu diário e chorou quando descobriu que eu pegava carona na moto de amigos, não podia, isso não podia. Ué,mas deixar apertar a genitália podia, isso podia.
Minha mãe, meu tudo, tão submissa,sempre tentando.
Todas as amigas eram mais lindas, mais bem feitas e tal. Eu e meu irmão,éramos barrigudos e sem graça.
Aos 16 tive meu primeiro namorado, um menino muito perverso e bonito. Aos 28 anos, depois de desencontros,voltei ao calvário e me casei. Não fui amada, fui traída aos 32,ele se encantou pela ninfeta Diana, de 15 anos.
Misoginia versus pedofilia sempre fizeram parte do meu cotidiano.
(A culpa?
Acho que do diabo.
Clarissa, Clarissa, não culpe o chifrudo,ele é uma entidade,uma polaridade, não culpe ninguém.)
Aos 19 anos conheci um moço muito bonzinho, 6 anos mais maduro. Ronaldo usava drogas, mas fazia fadas lindas e me amava de verdade. E eu, amava as fadas de verdade. Aprendi a gostar ainda mais de arte, mas as drogas venceram e a amizade vive até hoje. Ahhh Ronaldo, você é grande, tão grande que talvez não caiba nesse planeta. Por você, meu carinho e quase nada de saudades.
Nessa época eu era meio punk,meio hippie ( sou assim até hj ) e dormia nas férias de verão com as primas da estrada de ferro, todas juntas em conversas delirantes e muito tesão adolescente. Já lia muito nessa época, já não era mais virgem, mas parecia. Eu tinha 19 e elas : 8,35 e 49 anos. Todas dormindo profundamente e eu tinha acabado de desligar a lâmpada de cabeceira com meu Dostoiévisk.
O tio malvado entrou na morada das virgens,ah,ah,ah ninguém mais intacta ali,enganamos todos! Baixou as calças e tocou a famosa punheta,bateu uma bronha,descabelou o palhaço,enforcou o ganso,melou a mão, sussurrando todo o tempo como as meninas estavam gostosas,bundudinhas, rabudinhas,como haviam crescido rápido as filhinhas virgens e amadas. 
( Clarissa, não, isso não acontece nas famílias aonde se comemora o Natal com perú e fios de ovos! Acontece sim. Acontece sim ).
Vi tudo com os olhos semi cerrados, ele nem me olhou, fui ignorada,muito magra, muito sem peito ainda. Saiu calmamente do quarto, fechou a porta e dormiu com os anjos. O ronco das gatinhas...ninguém acordou. Não dormi nada, meus pés dançaram a noite toda freneticamente. Nervoso e pavor. 
A misoginia versus pedofilia sempre fizeram parte do meu cotidiano.
Finalmente o sol brilhou, pulei da cama de pregos, fui na casa da proteção que não tive e contei tudo para o pai e a mãe, ambos com 18 anos.  O pai mandou a mãe passear comigo e conversar.
( Conversar Clarissa? Não teve porrada? Não teve uma cacetada bem dada na cara do demônio ? ).
Tivemos uma conversa cabocla na escadaria da igrejinha que não íamos nunca. A mãe disse que temia que um dia isso acontecesse, que ele era assim mesmo, mostrava o pinto pra todo mundo, para eu não contar nada,pois vou destruir a vida de todos, vamos esquecer tudo isso, ir embora, voltar pra casa,acabou. Imagine só se virar o jogo e vierem dizendo que você o seduziu?
( Ah,ah, ah e pegar carona de moto não pode? ).
Voltei pra casa  da proteção que não tive, vestindo um vestido branco de praia, ninguém via que eu tinha virado fumaça. Me sentia verde e podre e sangrava meu coração. Até hoje, aos 189 anos pinto corações como um modo de reconstruir o meu.
Malas prontas, do nada as férias acabaram! A desculpa??? Clarissa muito abalada ,viu espíritos noite passada, Clarissa maluca vê coisas pelas casas, Clarissa frágil e louca quer voltar para o apartamento, desgostou o mar verdinho.
( E Ronaldo? O que disse nessa época? Como agiu? )
Ah, Ronaldo usava drogas pra se acalmar e eu dava o que ele queria e tinha as fadas e a floresta!
Comecei a fazer terapia,eu precisava,coitadinha que era, traumatizada com o pinto alheio. E no futuro não teve nada de conversas,nem brigas e sim muitos Natais e feriados juntos como uma linda família unida.
Me agarrei um mim, mas sempre fui muito curta, 4,23m de altura, era pouco, muito pouco.
Escolhi ser atriz. Que luto é ser atriz, cada fim de trabalho, um enterro. O caixão? Bem grandão e sem adornos,sem nada. Um caixão de MDF mesmo. Bom, daí entrei pra Companhia de Teatro Furacão. O diretor? Tadinho,magro, um fiapo e muito cabeludo e muito,muito perverso, comigo. Admirava tudo aquilo e achava bem normal ser mal tratada. Foram 15 anos atuando sobre sua batuta e eu brilhava!
A misoginia versus pedofilia blá blá blá.
Me sentia em casa no palco e queria buscar sentir outras emoções. Então, fugi de casa e vim morar numa cidade distante, lindamente triste e cheia de ruínas de gente. Ansiava por sentir cheiros de cabos e fios e finalmente gravei uma novela, a primeirona!
Meu velho não acreditou que eu fosse capaz, ele disse para meu irmão que eu estava mentindo, que tinha dado um golpe,vendido o carro dele que tinha passado todos pra trás. Fiquei muito triste em fazer vídeos das minhas próprias gravações para provar que era verdade. 
( Por que se prestou a fazer isso Clarissa? 
Não sei, acho que por medo...
De que?
De mim ).
Deixei meu castelo em Diamantina, uma cidade muito limpa,com meu grande amigo Júlio,ele cuidava dos cachorros para mim e morava de graça na torre, afinal, era meu irmãozão. Todos os meses eu retornava a cidade clean para dar um Alô Brasil! A vida tá show de bola! Na vibe! Eu já até falava " Caraca ".Após os tais 7 anos,o irmão gordão arranjou uma mulher muito linda com a graça de Deus, mas, a linda womam me achou bobona, me achou muito alegre, alegre demais da conta, porque amizade assim, aonde o amigo mora de graça na casa dos outros por 7 anos? Isso não existe, ainda mais com Júlio?
( o que??? )
Júlio fugiu com a bela Amanda, Júlio cortou relações comigo, muito burrinha, muito bobinha ela, se doa sem receber nada em troca
( Não.
Sim. )
Júlio e Amanda felizes no Quinto dos Infernos para sempre. Meu luto durou um ano, afinal foram 30 de amizade que também tiveram que ser enterrados no tal caixão de MDF.
A misoginidsdjf versus a pedodgmnvfvnc   cotifjdng
A mãe, minha deusa grega das tintas não lembra de nada. Aliás parece que ninguém lembra de nada.
A mãe criou um tal alemão dentro da caixa torácica e tem um negócio dentro do meu peito que cresce como uma tênia saginata  a cada não lembrar da minha mãe.
Hoje, dia 12 de março de 2020, eu, Clarissa de todos os Santos,vomitei todos os meus medos e, graças a Deus, ao meu marido Neco (ele vem logo depois de Deus? Sim. ) a minha irmã Rochelle, ao meu pai, a minha mãe, aos meus verdadeiros amigos, ao Dr. Antonio Carlos, ao Dr Marcus Weber, a psiquiatra e psicóloga Vitória e a terapeuta Bel Selder, venci o Pânico,